As iniciativas designadas de “projetos que fazemos para a nossa vida” são abundantes, mas nem sempre realizáveis. No quadro lógico, o relacionamento assume maior relevo comparativamente aos elementos isolados e, se bem aplicado, reforça a amizade, e o trabalho produzido a bem de uma causa torna-se mais profícuo, reforçando a legitimidade daquilo para que somos eleitos.
Os projetos são intervenções que devem ser capazes de atestar coerência. Tal é conseguido se não se afastarem daquele que é, ou se assume que deva ser, o fundamento da sua existência, a concretização de um sonho que alimentamos desde criança.Tal situação estimula a seletividade dos nossos pensamentos e torna a avaliação das nossas iniciativas como um fator importante para o desenvolvimento das nossas capacidades.
Numa perspetiva prática para desenvolver um trabalho, não importa ter muitas ideias. Importa ter ideias e capacidade de concretização. Não chega saber-se aquilo que se quer. É fundamental transmitir isso aos outros.
Tive a felicidade de servir em várias causas. Eleito para a Direção do Sport Clube da Régua, desempenhei vários cargos durante anos. Fiz parte de algumas Comissões de Festas de N. S.ª do Socorro. Durante quatro anos exerci o cargo de vereador do Município da nossa terra, tendo, nessa altura, proposto que fosse dado o nome a uma rua do malogrado Bombeiro que morreu tragicamente no incêndio da Casa Viúva Lopes, João Figueiredo, mais conhecido por João dos Óculos, proposta que foi aprovada por unanimidade, estando essa rua localizada no Bairro de N. S.ª do Socorro. Atualmente faço parte da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia. Por fim, quero falar daquilo que não foi a última causa que servi, mas aquela que me marcou mais – fazer parte da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua durante cerca de quinze anos, sempre como primeiro secretário. E digo isto porque, no momento em que o Senhor Doutor Aires Querubim teve que deixar o cargo de Presidente da Direção por ter assumido o de Governador Civil, foi-me proposto pelos meus colegas que o substituísse, o que não aceitei por entender que as minhas aptidões estavam mais viradas para aquilo que desempenhava.
Participei e trabalhei na concretização de vários projetos, sendo que os de maior relevância foram o alargamento do Quartel e a construção do Bairro. Empenhei-me, não só eu, mas também todos os meus colegas de Direção, para que um sonho antigo que já vinha de alguns anos atrás – o bairro – se tornasse numa realidade. Não posso esquecer o momento em que, tendo o Senhor Doutor Aires Querubim sido nomeado para o cargo que exerceu brilhantemente como Governador Civil, lhe pedi para interceder junto do Fundo do Fomento da Habitação para o desbloqueamento do projeto, o que fez com todo o entusiasmo e competência e, assim, tornou realizável aquilo que já se vinha arrastando há longo tempo, anterior mesmo às Direções de que fiz parte. Foi com muita emoção que assinei o contrato para a sua construção.
Também um momento alto na minha passagem pela Direção dos nossos Bombeiros foi aquele em que, com muito entusiasmo e crença, consegui, juntamente com o saudoso Comandante Senhor Cardoso, como eu o tratava, trazer para a nossa terra a realização de um Congresso no ano do centenário da nossa Associação.
Foi um momento alto que vivi aquando da votação para a realização de tão importante e apetecido evento, já que havia outras Corporações interessadas, entre as quais a do Porto, mas foi escolhida a do Peso da Régua. Houve, na altura, quem duvidasse da nossa capacidade, pois era entendimento de alguns que a nossa terra não possuía estruturas capazes de albergar mais de um milhar de participantes, entre Bombeiros com farda e sem farda. É certo que na altura não possuíamos hotéis ou residenciais, tanto aqui como nas redondezas, capazes de albergar tamanho número de participantes.
Mas, como “querer é poder”, conseguimos, com a ajuda de muitos reguenses, que receberam em suas casas alguns elementos diretivos das corporações de quase todo o país, dos Seminários de Godim e de Poiares e de um salão da Real Companhia Velha, onde foram colocados colchões insufláveis que nos foram cedidos pelo Regimento Militar de Lamego, alojar centenas de Bombeiros que vieram no dia anterior ao do encerramento. Tivemos, ainda, a cedência do pavilhão, que na altura ainda estava em final de construção, da Escola João de Araújo Correia, onde foi servido um jantar a todos quantos nos honraram com a sua vinda e foram mais de um milhar.
A abertura do Congresso, que teve lugar no Cine-Teatro Avenida, foi presidida pelo então Ministro da Administração Interna, Eng.º Eurico de Melo, e ao seu encerramento assistiu o Senhor Presidente da República, General Ramalho Eanes, com um almoço no salão Nobre da Casa do Douro.
Foram momentos que jamais esquecerei, aqueles que vivi naquele dia ao ver desfilar na minha terra centenas de Bombeiros e dezenas de viaturas!
Foi com muito orgulho que, em ambos os momentos, assumi as honras da Casa, por ausência inesperada do então Presidente da Direção, Senhor António Bernardo Pereira. Jamais esquecerei o que, em dada altura, me perguntou o então Presidenta da Liga dos Bombeiros Portugueses, Padre Vítor Melícias, se eu ainda sabia onde ficava o Norte e o Sul do País.
Estive presente em vários Congressos, deslocando-me sempre em representação da Direção e na companhia do nosso tão querido e saudoso Comandante, Carlos Cardoso dos Santos, tais como em Aveiro, Estoril, Guarda, Viana do Castelo e Viseu, mas, como é natural, aquele de que guardo as melhores recordações, é do nosso, feito com muito trabalho e sacrifício de toda a Direção, mas também de vários reguenses e de elementos de outras corporações do distrito que connosco tiveram a amabilidade de colaborar, excetuando-se a de Mesão Frio, que não concordou com a nossa eleição.
Não poderei esquecer, ainda, a colaboração que tivemos do nosso Município, presidido pelo saudoso Professor Renato Aguiar, do qual obtivemos grandes ajudas, inclusive a de fazer coincidir com o Congresso a realização da Feira do Douro, que tanto o abrilhantou.
Sempre me empenhei, com a colaboração de todos os meus colegas de Direção, entre os quais destaco o incansável trabalho desempenhado pelo nosso Tesoureiro, Senhor Heitor Gama, por fazer o melhor que sabia e podia para o engrandecimento e bem-estar dos nossos Bombeiros e da nossa Associação, citando a criação da Fanfarra e a realização das Festas de Natal. Para fazer face às despesas com tais realizações e ainda quando era necessário adquirir uma viatura, lá íamos percorrer todas as freguesias do nosso concelho, levando a cabo peditórios para a recolha de fundos. Sempre fomos recebidos com o maior carinho e boa-vontade, acompanhados pelo Corpo Ativo, que, juntamente com a Direção e o Comando, sempre quis colaborar.
Fui responsável pela saída dos últimos números do jornal Vida por Vida, interrompida pelos seus custos, que se tornaram difíceis de suportar pela Associação.
Por fim, recordo duas situações que vivi, nas quais desempenhei o trabalho de um bombeiro com farda. A primeira foi quando fomos chamados para a extinção de um fogo na Quinta do Castelo, em Medrões. Na falta do Comandante e de Bombeiros que se encontravam em serviço em Moura Morta, tive que conduzir uma viatura transportando para o local, com autorização do Comandante, material e alguns homens que foram desempenhando funções, aos quais se juntaram depois os seus colegas vindos do local onde se encontravam.
O outro foi quando trabalhava na secretaria desempenhando funções que me estavam adstritas. Atendi um telefonema em que era pedida uma ambulância para transportar um acidentado em estado grave em Vilarinho dos Freires. Havia viatura, mas faltava quem a conduzisse. Imediatamente interrompi o que estava a fazer para ir socorrer quem dos Bombeiros necessitava.
E foi assim que passei dos melhores momentos da minha vida, servindo com amor, carinho e abnegação as causas que abracei desinteressadamente.
Os projetos são intervenções que devem ser capazes de atestar coerência. Tal é conseguido se não se afastarem daquele que é, ou se assume que deva ser, o fundamento da sua existência, a concretização de um sonho que alimentamos desde criança.Tal situação estimula a seletividade dos nossos pensamentos e torna a avaliação das nossas iniciativas como um fator importante para o desenvolvimento das nossas capacidades.
Numa perspetiva prática para desenvolver um trabalho, não importa ter muitas ideias. Importa ter ideias e capacidade de concretização. Não chega saber-se aquilo que se quer. É fundamental transmitir isso aos outros.
Tive a felicidade de servir em várias causas. Eleito para a Direção do Sport Clube da Régua, desempenhei vários cargos durante anos. Fiz parte de algumas Comissões de Festas de N. S.ª do Socorro. Durante quatro anos exerci o cargo de vereador do Município da nossa terra, tendo, nessa altura, proposto que fosse dado o nome a uma rua do malogrado Bombeiro que morreu tragicamente no incêndio da Casa Viúva Lopes, João Figueiredo, mais conhecido por João dos Óculos, proposta que foi aprovada por unanimidade, estando essa rua localizada no Bairro de N. S.ª do Socorro. Atualmente faço parte da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia. Por fim, quero falar daquilo que não foi a última causa que servi, mas aquela que me marcou mais – fazer parte da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua durante cerca de quinze anos, sempre como primeiro secretário. E digo isto porque, no momento em que o Senhor Doutor Aires Querubim teve que deixar o cargo de Presidente da Direção por ter assumido o de Governador Civil, foi-me proposto pelos meus colegas que o substituísse, o que não aceitei por entender que as minhas aptidões estavam mais viradas para aquilo que desempenhava.
Participei e trabalhei na concretização de vários projetos, sendo que os de maior relevância foram o alargamento do Quartel e a construção do Bairro. Empenhei-me, não só eu, mas também todos os meus colegas de Direção, para que um sonho antigo que já vinha de alguns anos atrás – o bairro – se tornasse numa realidade. Não posso esquecer o momento em que, tendo o Senhor Doutor Aires Querubim sido nomeado para o cargo que exerceu brilhantemente como Governador Civil, lhe pedi para interceder junto do Fundo do Fomento da Habitação para o desbloqueamento do projeto, o que fez com todo o entusiasmo e competência e, assim, tornou realizável aquilo que já se vinha arrastando há longo tempo, anterior mesmo às Direções de que fiz parte. Foi com muita emoção que assinei o contrato para a sua construção.
Também um momento alto na minha passagem pela Direção dos nossos Bombeiros foi aquele em que, com muito entusiasmo e crença, consegui, juntamente com o saudoso Comandante Senhor Cardoso, como eu o tratava, trazer para a nossa terra a realização de um Congresso no ano do centenário da nossa Associação.
Foi um momento alto que vivi aquando da votação para a realização de tão importante e apetecido evento, já que havia outras Corporações interessadas, entre as quais a do Porto, mas foi escolhida a do Peso da Régua. Houve, na altura, quem duvidasse da nossa capacidade, pois era entendimento de alguns que a nossa terra não possuía estruturas capazes de albergar mais de um milhar de participantes, entre Bombeiros com farda e sem farda. É certo que na altura não possuíamos hotéis ou residenciais, tanto aqui como nas redondezas, capazes de albergar tamanho número de participantes.
Mas, como “querer é poder”, conseguimos, com a ajuda de muitos reguenses, que receberam em suas casas alguns elementos diretivos das corporações de quase todo o país, dos Seminários de Godim e de Poiares e de um salão da Real Companhia Velha, onde foram colocados colchões insufláveis que nos foram cedidos pelo Regimento Militar de Lamego, alojar centenas de Bombeiros que vieram no dia anterior ao do encerramento. Tivemos, ainda, a cedência do pavilhão, que na altura ainda estava em final de construção, da Escola João de Araújo Correia, onde foi servido um jantar a todos quantos nos honraram com a sua vinda e foram mais de um milhar.
A abertura do Congresso, que teve lugar no Cine-Teatro Avenida, foi presidida pelo então Ministro da Administração Interna, Eng.º Eurico de Melo, e ao seu encerramento assistiu o Senhor Presidente da República, General Ramalho Eanes, com um almoço no salão Nobre da Casa do Douro.
Foram momentos que jamais esquecerei, aqueles que vivi naquele dia ao ver desfilar na minha terra centenas de Bombeiros e dezenas de viaturas!
Foi com muito orgulho que, em ambos os momentos, assumi as honras da Casa, por ausência inesperada do então Presidente da Direção, Senhor António Bernardo Pereira. Jamais esquecerei o que, em dada altura, me perguntou o então Presidenta da Liga dos Bombeiros Portugueses, Padre Vítor Melícias, se eu ainda sabia onde ficava o Norte e o Sul do País.
Estive presente em vários Congressos, deslocando-me sempre em representação da Direção e na companhia do nosso tão querido e saudoso Comandante, Carlos Cardoso dos Santos, tais como em Aveiro, Estoril, Guarda, Viana do Castelo e Viseu, mas, como é natural, aquele de que guardo as melhores recordações, é do nosso, feito com muito trabalho e sacrifício de toda a Direção, mas também de vários reguenses e de elementos de outras corporações do distrito que connosco tiveram a amabilidade de colaborar, excetuando-se a de Mesão Frio, que não concordou com a nossa eleição.
Não poderei esquecer, ainda, a colaboração que tivemos do nosso Município, presidido pelo saudoso Professor Renato Aguiar, do qual obtivemos grandes ajudas, inclusive a de fazer coincidir com o Congresso a realização da Feira do Douro, que tanto o abrilhantou.
Sempre me empenhei, com a colaboração de todos os meus colegas de Direção, entre os quais destaco o incansável trabalho desempenhado pelo nosso Tesoureiro, Senhor Heitor Gama, por fazer o melhor que sabia e podia para o engrandecimento e bem-estar dos nossos Bombeiros e da nossa Associação, citando a criação da Fanfarra e a realização das Festas de Natal. Para fazer face às despesas com tais realizações e ainda quando era necessário adquirir uma viatura, lá íamos percorrer todas as freguesias do nosso concelho, levando a cabo peditórios para a recolha de fundos. Sempre fomos recebidos com o maior carinho e boa-vontade, acompanhados pelo Corpo Ativo, que, juntamente com a Direção e o Comando, sempre quis colaborar.
Fui responsável pela saída dos últimos números do jornal Vida por Vida, interrompida pelos seus custos, que se tornaram difíceis de suportar pela Associação.
Por fim, recordo duas situações que vivi, nas quais desempenhei o trabalho de um bombeiro com farda. A primeira foi quando fomos chamados para a extinção de um fogo na Quinta do Castelo, em Medrões. Na falta do Comandante e de Bombeiros que se encontravam em serviço em Moura Morta, tive que conduzir uma viatura transportando para o local, com autorização do Comandante, material e alguns homens que foram desempenhando funções, aos quais se juntaram depois os seus colegas vindos do local onde se encontravam.
O outro foi quando trabalhava na secretaria desempenhando funções que me estavam adstritas. Atendi um telefonema em que era pedida uma ambulância para transportar um acidentado em estado grave em Vilarinho dos Freires. Havia viatura, mas faltava quem a conduzisse. Imediatamente interrompi o que estava a fazer para ir socorrer quem dos Bombeiros necessitava.
E foi assim que passei dos melhores momentos da minha vida, servindo com amor, carinho e abnegação as causas que abracei desinteressadamente.
- Manuel Montezinho. Actualizado em Novembro de 2013
Clique na imagem para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2013. Actualizado em Novembro de 2013. Texto e imagem cedidos pelo Dr. José Alfredo Almeida. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Só é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.
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