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A mais antiga região vinícola do mundo, criada pelo Marquês de Pombal em 1756, revela-se perfeita para apreciar os prazeres mais simples: beber, comer e dormir bem
05 de abril de 2011 | 8h 00 - Nathalia Molina, PESO DA RÉGUA
Sobe, desce, o rio. Desenhos como tranças a repartir as montanhas, sobre o rio. Caminhos sinuosos, num esconde-esconde com o rio. Vilas, à beira do rio, mirantes, do alto do rio. O Douro corre a nos acompanhar, como se guiasse ele mesmo o carro entre os vinhedos.
Percorrer a mais antiga região vinícola demarcada do mundo é se deixar levar pela água. E pelo vinho. Beber bem, comer bem, dormir bem. Seguir o curso natural, seduzido pelo rubi da taça e pelo verde ao redor. "Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza", como descreveu o escritor Miguel Torga (1907-1995), em seu Diário XII, em trecho reproduzido num painel de azulejos no Miradouro de São Leonardo da Galafura, perto de Peso da Régua, no Vale do Douro.
O solo de xisto, as assimetrias das encostas e o trabalho do homem desenharam o Alto Douro Vinhateiro, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 2001. A antiga região vinícola demarcada foi instituída por Marquês de Pombal, em 1756. Dali sai o vinho do Porto, licoroso conhecido mundialmente - não vá embora sem o seu exemplar.
De Mesão Frio (distante 85 quilômetros do Porto) a Freixo de Espada-à-Cinta (a 180 quilômetros da mesma cidade), o Vale do Douro se divide em três sub-regiões. Área verde de grande produtividade, o Baixo Corgo inclui Mesão Frio e Peso da Régua.
Cenários. Seguindo o rio rumo ao leste, a paisagem ganha tons de pedra no Cima Corgo, que se estende de Pinhão a São João da Pesqueira. De lá a Freixo de Espada-à-Cinta, fica o Douro Superior, onde há menos produtores e os vinhedos convivem com oliveiras e amendoeiras.
As principais quintas estão na área entre as cidades de Mesão Frio e Pinhão, passando por Peso da Régua, onde está localizada a sede da Associação de Aderentes da Rota do Vinho do Porto. Criada em 1998 para desenvolver o roteiro lançado dois anos antes, reúne atualmente 78 participantes ligados à cultura do vinho, entre produtores, restaurantes, hotéis e empresas de turismo.
Por ali, você encontra lugares convidativos como a Casa Torres de Oliveira, em Mesão Frio, que oferecem aos visitantes tanto a prova de vinhos quanto a acomodação. Na associação, é possível marcar visitas a caves e vinhedos e agendar a participação nos eventos mais tradicionais: a colheita (vindima) e a pisa da uva (lagarada). E ainda pode reservar serviços de hospedagem, alimentação e transporte.
Passeio no tempo. Peso da Régua, como você vai perceber, é uma espécie de capital da região. Destacou-se na produção e no comércio do vinho do Porto desde que o Marquês de Pombal fundou ali a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro.
Em pipas, a bebida era levada pelo curso do Douro até chegar à Vila Nova de Gaia, que concentra as caves dos produtores, na margem oposta do rio em relação à cidade do Porto. O meio de transporte eram os barcos rabelos, inspiração para o docinho de mesmo nome, encontrado em Peso da Régua. Feito com farinha de arroz, amido de milho, ovos, açúcar, canela, amêndoa e vinho do Porto, tem a forma das antigas embarcações. E o melhor de tudo: é uma delícia.
Hoje turistas podem navegar pelo Douro em cruzeiros a partir da cidade do Porto ou em trechos menores entre Peso da Régua e Pinhão, por exemplo. Empresas como a Douro Azul e a Barcadouro trabalham com esses passeios.
Quem, ao invés de usar um carro alugado, preferir explorar o país de transporte público, pode sair da cidade do Porto de trem. No caminho até Douro, há paradas em Régua, Pinhão, Tua e Pocinho. Na estação de Pinhão, repare nos painéis de azulejos, decorados com cenas do processo produtivo do vinho e paisagens dos arredores.
Durante a vindima, que ocorre nos fins de semana de setembro, a Comboios de Portugal oferece programa especial de um dia, incluindo visita a uma quinta e participação na pisa da uva. De 23 de julho a 1.º de outubro, um trajeto da empresa pelo Douro chama atenção: uma locomotiva a vapor, do início do século 20, leva os passageiros em vagões de madeira de Régua ao Tua. Sobre trilhos, montanhas, vinhedos, o contorno do rio.
Saiba mais
Passagem: O trecho São Paulo-Lisboa-São Paulo custa desde 640,66 na Iberia; R$ 1.590,7 (cerca de 688,50) na KLM; 725,43 na British; 886,50 na TAM em voo direto; 898 na TAP, também em voo direto e 920,45 na Lufthansa .
Pedágio: Há cobrança nas estradas administradas por concessionárias. Ao entrar na rodovia, retire o bilhete eletrônico na cabine automática. O pagamento é feito na saída, de acordo com o trecho
Trajeto: Antes de defini-lo, vale consultar o site. Clique em ‘Mapas’ e depois em ‘Calcular itinerário’.
Na internet: consulte os sites visitportugal.com; visitcentro.com; obidos.pt;http://www.cm-sintra.pt/; douro-turismo.pt e www.turismoserradaestrela.pt
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