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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Memórias dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua

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Por *M. Nogueira Borges 

Lembrar-se-ão alguns leitores do que disse Thomas Mann, ao deixar a Europa, em 1938, para se estabelecer na América: «Onde eu estou, está a cultura alemã.» Hoje, 74 anos depois, um português que emigre, repete o que gemiam, com outras palavras, os da década de sessenta, quando a salto, despedaçavam o corpo nas escarpas da fronteira: «Onde eu estou, está a crise portuguesa.» Por isso eles fugiam; por isso agora o fazem - ao menos! - conforme a lei, mas igual apuro.

Vivemos um tempo de desgosto patriótico, de míngua financeira e moral. Há quem brade aí pela reincarnação salazarenta de chicote, pés descalços e uma malga de sopa; quem subscreva abaixo-assinados pelo julgamento, nos pretórios nacionais, dos políticos de ontem; os que defendem um castigador emagrecer fiduciário para – num brasileirismo que a indigência do acordo ortográfico já não faz corar – o povo, esse malandro perdulário, cair na real.

É nestas alturas que me apetece sair deste ambiente de funeral, longe dos noticiários de sangue e de morte, da fome calada e do ódio recalcado. Afastar-me das quadraturas redondas ou rectangulares e dos seus argumentos de plástico, dos discursos com palavras redondas que urdem lençóis de celofane a fingir água em palco de teatro.

Agarro-me, então, às biografias e aos livros de memórias heróicas. Umas e outros transportam-me ao tempo da cidadania e do amor comunitário; à transparência de gente de relevo que, por excelência própria, se alcandorou ao cume da história. É a diferença das almas, as nascidas na elevação e as desfeitas na frieza; as que sabem que o orgulho destrói o amor e a tolerância cristianiza a felicidade; as que juram que a virtude é a ânsia de compor a vida como uma obra de arte e a beleza e a alegria de fazer da dádiva uma vida; aquelas que não ignoram a diferença entre suportar e sofrer, e por isso, não discutem sacrifícios nem as horas de os fazer ou contabilizar; as que vivem dentro de homens que aprenderam de nascença a salvação da humanidade na não opressão dos seus semelhantes, mas na fraternidade do abraço que dá tudo sem esperar paga.

O título que encima esta crónica é igual ao do livro que o dr. José Alfredo Almeida publicou, em edição da Mosaico de Palavras, acerca da Associação dos nossos bombeiros, a que ele preside. É uma surpreendente e cativante obra, escrita com emoção e, por isso, me comove, com muito trabalho de pesquisa e, perante a qual, me dobro. Aqui estão as façanhas de homens honrados na sua farda e no seu exemplo. São memórias, factos e figuras, enquadradas na nossa HISTÓRIA; da viticultura – ora ajustada ora rapace - à psicologia humana – ora refinada ora decadente -; do teatro à literatura; da grandeza popular à debilidade política da época, afinal de todas as épocas; mas tendo sempre como matriz descritiva a luta dos NOSSOS BOMBEIROS. O autor esconde o panegírico da heroicidade daqueles, os seus feitos, as suas excepcionalidades. Emociona-me o carinho que o José Alfredo Almeida coloca na defesa apaixonada do voluntariado, na adoração pela saga dos homens da paz, na comparação entre esses tempos com os de hoje e das lições que se retiram.

Depois, ele tem a prerrogativa de saber despertar memórias que me transportam às noites de breu ou às manhãs doiradas; aos dias de gelo ou de esplendor solar; às tardes de namoro febril ou às lágrimas de paixões desfeitas nos bardos da minha terra; ao toque da sirene, subindo o Peso até ao alto de S. Gonçalo, e o primeiro fogo da minha infância; a aflição de meus avós paternos, no Côto, a ver, ao fundo, a desgraça de Riobom; os incêndios da Viúva Lopes e a morte do grande tipógrafo Figueiredo; dos Fortunatos, onde a minha mãe escolhia os tecidos; da Flor do Adro e dos cafés que lá tomei; da tragédia da ponte e das cheias do rio, que chegavam quase ao largo do Cruzeiro. Meu Deus! Benditos os que escrevem A MEMÓRIA!

Ele fala-me do que aconteceu sem saracoteios piegas; vai longe e fundo aos arcanos da lembrança para o revivalismo sadio das gestas dos bombeiros reguenses; esquadrinha os arquivos, com entusiasmo e gosto, na busca do papel que decifre uma interrogação; investiga uma pista com o suor da ansiedade e serena no sorriso do achado.

O autor tem, num texto recordativo, que não consente a ficção, espaços de escrita brilhante, onde se reflecte o talento de justapor o passado aos modos de hoje, um realismo que me atrevo a classificar de majestático, em mistura com um sentimentalismo que só os desumanos não percebem, a procura do melhor termo, uma ênfase nunca despropositada da tese que se defende, e por isso o trágico descritivo – único modo de “valorizar realmente” o acontecido. Anoto, sem afectações de escolha, as paginas 21-25; 62-66; 113–116; 130-133; 157-158; 159-163; 170-172; 173-176, e todas as referidas aos escritores médicos João de Araújo Correia e seu filho Camilo, que catalogam o livro com a chancela do esmero.

Com a vida dos nossos bombeiros vem a documentação fotográfica e os seus heroísmos; as citações de quem os serviu e os perfis dos seus comandantes; os esparsos desconhecidos, que parecem ainda transmitir os antigos cheiros das ruas ou das margens do rio; as ascendências galegas ou vareiras e a nostalgia do “pouca-terra” do Tua; a primeira biblioteca que a associação fundou e as peças teatrais pueris mas solidárias; uma saudade gostosa desses tempos inocentes mas corajosos, de necessidade mas humanamente grandes, em que não se apreçava uma ajuda nem discutia uma abnegação.

Gosto dos livros assim: escritos com alma, coração e saudade; são genuínos, sentidos e respeitadores da HISTÓRIA.

3.2.12
  • *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor e poeta do Douro-Portugal. Nasceu no lugar de S. Gonçalo, freguesia de S. João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, em 12.10.1943. Frequentou o curso de Direito de Coimbra, cumpriu o serviço militar obrigatório em Moçambique, como oficial mil.º e enveredou pela profissão de bancário. Tem colaboração dispersa por diversos jornais, nomeadamente: Notícias (de Lourenço Marques); Diário de Moçambique (Beira), Voz do Zambeze (Quelimane), Diário de Lisboa, República, Gazeta de Coimbra, Noticias do Douro, Miradouro, Arrais e outros. Em 1971 estreou-se com um livro de contos a que chamou "Não Matem A Esperança". (In 'Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses', coordenado por Barroso da Fonte. Manuel Coutinho Nogueira Borges está no Google

Clique nas imagens para ampliar. Este texto está também publicado na edição do semanário regional "O Arrais" de 16 de Fevereiro de 2012. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em  Fevereiro 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É proibido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue sem a citação da origem/autores/créditos. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Congresso dos Bombeiros e um Livro da Associação

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Adérito Rodrigues

A cidade do Peso da Régua acolheu, em assembleia, no final do passado mês de Outubro, as Associações e respetivas Federações de Bombeiros, no 41º Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses - L.B.P., transformando-se na capital e fulcro de toda a dinâmica dos Bombeiros, sendo uma repetição do feito, já que foi a 2ª vez que tal reunião se realizou na Capital da Vinha e do Vinho – no então 24º Congresso, dos dias 10 a 14 de Setembro de 1980. 

Ficou demonstrado que a Associação Humanitária dos Bombeiros da Régua, com todo o seu historial, tem uma capacidade organizativa para receber, promover e realizar eventos, bem como tem uma extraordinária habilitação para receber os Bombeiros, sendo que, para este efeito, há que agregar a Autarquia local, já que a Câmara Municipal do Peso da Régua foi o contributo valioso e imperativo para que toda esta ação se concretizasse.

Um Congresso é sempre um momento histórico e nevrálgico para a vida dos Bombeiros Portugueses, pelo debate intenso que vai sendo feito antes e durante o Congresso. Este foi memorável, dito pelo Presidente do Conselho Executivo da L.B.P. – Duarte Caldeira. Estiveram no Congresso mais de 800 participantes - a nível de Congressos da L.B.P. a maior participação de sempre.

O desfile que os Bombeiros nos patentearam na Avª do Douro, para além da grande postura e do profissionalismo que demonstraram os seus intervenientes, foi do melhor que se viu em todo o país, exteriorizou a missão e o altruísmo que aqueles homens, numa condição de Voluntariado, executam e assumem - quer homens, quer mulheres, todos bombeiros - envolvendo-se no desfile com dignidade, organização, empenho, competência e profunda dedicação. Souberam dar uma expressão arrojada, deslumbrante, colorida, gratificante e exaltadora da força e valor das Associações que representavam, somente Bombeiros do distrito de Vila Real.

O desfile, que teve a ajuda do S. Pedro, com um Verão de S. Martinho antecipado, mobilizou diversos veículos para combate aos fogos, para socorro no rio ou nas estradas, várias ambulâncias,...e cerca de trezentos elementos, todos eles com um comportamento elegante e soberbo, demonstrando as imensas capacidades com que os bombeiros estão apetrechados para socorro das suas gentes. Houve também uma demonstração no Rio Douro, com embarcações diversas de socorro, que subiram as águas do nosso Douro, numa demonstração da capacidade para socorro e auxílio em situações ribeirinhas.

As Associações Humanitárias dos Bombeiros, como elementos e forças de Voluntariado, são um património sócio-cultural, que luta pelo seu próximo. Os Bombeiros são os principais defensores, os da primeira linha, no auxílio ou socorro das comunidades locais onde estão inseridos. São eles que lutam de forma denodada, eficaz e comprometida, para que as pessoas possam ter uma eficaz assistência na saúde - a mais rápida possível, a fim de garantir, assegurar e defender a saúde desses seus utentes, bem como na defesa dos bens dos seus semelhantes.

Manifestadas as atividades desenvolvidas no Congresso da L.B.P., quero destacar um aspeto que conceituo de excelente e que se refere ao livro “Memórias dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua”, cuja autoria se deve ao Dr. José Alfredo Almeida, Presidente da Direção da Associação dos Bombeiros do Peso da Régua e também com funções diretivas no distrito de Vila Real - Presidente da Federação das Associações dos Bombeiros, assim como é elemento diretivo a nível nacional.          

A apresentação do livro deu-se no 1º dia das atividades congressistas, pelas 19 horas, e o palco da Sessão Solene foi o Salão Nobre da Casa do Douro, estando completamente cheio , o que vem evidenciar a mais valia que a obra apresentada tem para o futuro.

Quero realçar este episódio, porquanto a obra apresentada e trazida ao mundo, retrata muito do historial da Associação Humanitária reguense. O trabalho do Dr. Alfredo é de elogiar, pela qualidade da obra, já que enaltece o coletivo dos Bombeiros, e pela exposição de acontecimentos ímpares da vida da “sua” Associação, que já leva 131 anos, cumpridos no dia 28 de Novembro, do corrente ano.

O Dr. Alfredo evoca e reacende aspetos históricos da Corporação dos nossos Bombeiros, assinale-se que é a mais antiga do distrito, e aqui é que está o valor sério desta obra, por conseguir compilar escritos que ele próprio foi fazendo, através das muitas investigações que fez pelos tempos, quer nos documentos no próprio Edifício/Sede da Associação, quer investigando por terras distantes, em diversos locais onde podia encontrar material que lhe servisse de apoio.

Como Presidente da Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua fez história, com a história da Associação. Só uma alma generosa, simples e impoluta poderia dedicar tanto tempo, e sabiamente, em prol dum projeto, que terá uma representação social excessiva para as gerações vindouras.

Homem simples, duma humildade extrema, mas dum valor humano inalcançável e inexcedível, pois só homens duma elite, duma dignidade extrema, conseguem feitos gloriosos. O livro”Memórias dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua” é, sem dúvida, um ato heróico, glorioso e de um valor descomunal e imensurável.

Na nota de autor refere-nos que apenas ambicionou “reunir numa despretensiosa publicação os meus textos, que escrevi sobre os Bombeiros da Régua, no jornal ‘O Arrais’, do Peso da Régua”. De forma simples e modesta, exaltou o altruísmo, a generosidade e a coragem dos homens que durante 131 anos lutaram em prol da sua comunidade. As páginas do livro, evocam os inúmeros Bombeiros, diretores, benfeitores, . . . o cidadão comum.

Várias vezes dialoguei com o meu estimado amigo Alfredo sobre os artigos que ia publicando e sempre lhe afirmei que os achava de um valor incalculável, verdadeiros marcos históricos. Aquela publicação semanal, se não era a 1ª que procurava ler no Jornal, pelo menos era das primeiras, assim lhe afiancei. Demonstrei-lhe o apreço que tinha pelo trabalho que estava a desenvolver e encorajei-o a que prosseguisse e nunca vacilasse nesse labutar insano que os vindouros louvarão.

O Dr. Alfredo, neste seu trabalho, ainda teve oportunidade de contactar com alguns elementos que pertenceram à Associação e que hoje já não estão entre nós; conseguiu que alguns familiares de antigos elementos da Associação transmitissem, para a posteridade, aspetos relevantes, relacionados com os então elementos da mesma; obteve alguns registos históricos, fotográficos, que, caso ele não tivesse enveredado por este caminho, ficariam perdidos para a história dos nossos Bombeiros.

Os textos produzidos resultam de muita investigação pessoal nos arquivos ou no baú do tempo, implica congregar memórias já antigas, às vezes reportagens ou testemunhos de recordações pessoais, relatos de algumas testemunhas e do conhecimento pleno e pessoal do autor de alguns dos seus protagonistas. Contextualizando-as na sequência temporal fez Crónicas espontâneas que com a reprodução de manuscritos resultaram num livro genuíno.

Tal qual Fernão Lopes, o Dr. Alfredo Almeida acaba por ser o cronista que compila, redige as crónicas gerais, não do Reino de Portugal, mas dos Bombeiros da Régua, o que permite que factos que o tempo iria destruir ou apagar cheguem aos vindouros, esquecidos nas brumas do tempo. São documentos históricos, autênticos, documentados com fotos do tempo, reproduz capítulos históricos pela voz ou pelo punho de alguns então vivos, hoje, talvez, já tenham partido neste momento de publicação da obra.

Se nos dias de hoje já há muito material que se perdeu de vista - não se sabe ao certo o seu paradeiro, nem como desapareceu - sem este registo escrito, constatamos que, jamais, para os anos subsequentes, ficaria algo, que permitisse uma continuidade para memória futura.

Não vou debruçar-me sobre o conteúdo do livro, pois que espero que a curiosidade dos leitores possa levar a que, por si só, consigam perceber a grandeza deste livro e, lendo-o, descubram a memória, a missão e a dignidade de todos os que pugnaram pelo crescimento e plenitude da Associação Humanitária.

Só grandes Homens poderão figurar em páginas valiosas da História! É o que acontece aqui, os Bombeiros, Homens de coragem e valentia; Homens que o cansaço não derruba; Homens que deram a vida pela vida; Homens que se dedicaram de alma e coração ao próximo,  pondo a própria vida em risco, como é o caso de uma das crónicas, em que João Figueiredo, mais conhecido por “João dos óculos”, acabou por falecer num incêndio em 1953, ocorrido na então Casa Viúva Lopes.

Ficamos com um Livro carregado de altruísmo, de abnegação, quer pelos que lutaram no terreno como bombeiros, quer pelos que tudo fizeram por manter e levar a Associação Humanitário dos Bombeiros do Peso da Régua à profícua idade de 131 anos.

O Dr. Alfredo foi, é e continuará a ser, também, um altruísta, um generoso, um homem de coragem, um homem de bem, que servirá de exemplo para as gerações futuras do Voluntariado, dar-se à sua Associação, cuja lema é “VIDA POR VIDA”.
O Congresso dos Bombeiros e um Livro da Associação
Jornal "O Arrais", quinta-feira, 05 de Janeiro de 2012
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Colaboração do Dr. José Alfredo Almeida. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Janeiro de 2012.  

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ecos do 41.º Congresso Nacional dos Bombeiros em Peso da Régua

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Ecos do 41.º Congresso Nacional dos Bombeiros em Peso da Régua e da apresentação do livro “Memórias dos Bombeiros do Peso da Régua”, da autoria do Sr. Dr. José Alfredo Almeida, Presidente de Direcção da Associação.
Por José Silva Pinto 

Este evento histórico, realizado pela 2.ª vez nesta cidade do Peso da Régua, teve início com uma Saudação Solene, nos Paços do concelho (a que não pude participar por motivos familiares), teve o brilhantismo a que nós, os reguenses, estamos habituados, bem como quem nos visita, de longe ou de perto, em efemérides deste nível cultural e/ou artístico!

Estive presente, sim, na apresentação do livro “MEMÓRIAS DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS  DO PESO DA RÉGUA”, da autoria, como disse do Sr. Dr. José Alfredo Almeida, seu Presidente DDDM.º, no Salão Nobre da (nossa) Casa do Douro, dia 28 de outubro, p. p., com uma Sessão Muito Solene, 6.ª f. com início às 19 horas e com o Salão completamente cheio – o que, felizmente, vem sendo bom hábito em eventos deste género e semelhantes!
  1. Na mesa de Honra ou da Presidência, estavam presentes: o autor do referido livro Sr. Dr. José Alfredo Almeida, o Rev. Sr. Padre Vitor Melícias – digamos bem conhecido e apreciado por todo o País, pelas suas constantes e oportunas intervenções, à vontade, sem fronteiras, em questões de solidariedade, humanitárias e humanistas, sobretudo a favor de “grupos heterogéneos”, onde se apalpam carências de toda a ordem: material, moral e social – como “Apresentador” do livro em causa. Fê-lo com um à-vontade como se a obra fosse escrita por ele próprio e na qual tivesse posto uma boa parte da sua eloquente sabedoria, quase enciclopédica, e do seu grande amor, próprio da alma de um “Franciscano” (à maneira do seu Patrono e Doutrinador, São Francisco de Assis – o santo a quem muito incomoda a falta de paz, alimentação, saúde e mortes prematuras de todo o gênero). Disse ele:... Isto é o que se me oferece dizer (foram 25 minutos, que pareceram apenas 5...) que o leu depressa, de noite e de dia mas, acrescentou: “Hei-de voltar a lê-lo com vagar para cultivar o meu espírito e o meu coração”. Muito mais disse...para o que não tenho espaço!...
  2. Estiveram, ainda na Mesa: um simpático representante da Casa do Douro, o Sr. João Leonardo, que agradeceu a preferência do pedido daquele Salão Nobre, e, ainda o Sr. Vítor da Rocha que, suponho eu  o Editor de “A Mosaico de Palavras Editora”, de Rio Tinto, que foi o 1.º apresentador do livro magistralmente desenvolvido, com uma forma inovadora, para mim. Agradou-me imenso e, sem o ter lido, dei conta que já os meus lábios estavam a tocar e a saborear algo meloso! Muitíssimo bem dividido em sub-títulos e explicado quanto bastou, para se ter conhecimento da riqueza histórica e literária que nos deliciou! Estavam, ainda, na Mesa de Honra: o Sr. Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Dr. Duarte Caldeira, que conheço muito bem a individualidade da pessoa, pois aparece, muitas vezes, nas Tvs. A Mesa de Honra estava muito bem engalanada com um honroso grupo de 5 bombeiros, bem perfilados, e com a Bandeira ao centro, transportada pelo Chefe José Oliveira, bem conhecido e estimado por todos os reguenses – tal como o saudoso e amigo Sr. João (dos óculos)! Eventos como este, ou semelhante, devem repetir-se, pois são muito culturais, pedagógicos e educativos, principalmente para a nossa juventude e também para os adultos, pois, infelizmente, na Régua, há e tem havido muita falta de manifestações como esta e/ou semelhantes. Além disto, dão alegria, movimento e um tom festivo – no meio de outras situações menos alegres ou mesmo tristes, stressadas, pesadas demais...
  3. Reportando-me ao “fantástico”, mas realista e primoroso autor do livro, recordo que nasceu perto de nós. O seu berço está nas famosas e saudosas Caldas do Moledo; o meu está nas margens do rio Douro, no antigo “Cais-de_baixo” - a 2 ou 3 Kilms. de diferença. Foi Vereador da Câmara anterior, passando por diversos Pelouros, segundo as suas qualidades se iam evidenciando. Sobretudo, ama e dá a sua vida pela Régua, como sendo a sua Pátria! Parafraseio Camões: “Ditosa Pátria que tais filhos teve”! Tem sido um Presidente da Associação, a sobressair, pois construiu novas e grandiosas instalações nas traseiras, na rua Dr. José de Sousa, com perspectivas de futuro de mais de um século, e acaba de restaurar o Quartel Principal, exterior e interiormente, com uma proficiência invulgar, que o orgulha, orgulha os Bombeiros, a cidade, o concelho, o distrito e o País! Assim, é que nós queremos destes Homens que, citando Camões, uma vez mais, “Vão muito além da Taprobana”! Isto enriquece a Régua e dá jus de louvores a toda a gente que, à sua maneira contribuiu para tal orgulho da nossa Terra! Parabéns! Parabéns!!! Trata-se, ainda, de uma pessoa bemquista e respeitada por toda a Régua e Região, que o conhece melhor que eu, desde há longos anos. Possui, assim, todas as qualidades e dons para continuar a presidir à (nossa) briosa Associação dos Bombeiros Reguenses, e de quem podemos, queremos e temos, ainda muito que esperar. É Presidente da Federação das Associações congeneres do distrito de Vila Real e é elemento directivo a nível nacional, etc.!
  4. Na ocorrência desta história efeméride, fica bem dizer algo acerca da origem e história dos Bombeiros : - “Os Bombeiros são pessoas que têm por missão: extinguir os incêndios (com a “Bomba “, segundo a raíz do termo) e que, por extensão, acorrem a todos os acidentes que ponham em risco vidas e valores. (...) Foram os Hebreus e os Gregos que criaram os primeiros “vigias noturnos” encarregados de efetuar rondas, dar alarme em caso de fogo e combatê-lo. Na antiga Roma, também este uso foi conservado e desenvolvido, havendo os “Triunviri nocturni”, que asseguravam a polícia, durante a noite, contra os malfeitores e davam o alerta em caso de incêndio. - Em PORTUGAL, a “CARTA RÉGIA” de D. João I, datada de 1395, estabelecia os ”vigias noturnos” e definia, para a extinção de incêndio, as missões de carpinteiros machados. (…) A evolução do serviço conduziu, de acordo com a evolução da técnica, a maior presteza na chegada dos Bombeiros aos locais e a processos mais eficientes de extinção.(...) Existem “Batalhões de Sapadores” em várias cidades do País, e municipais em alguns municípios e em vilas, sendo a restante cobertura feita por “Associação de Bombeiros Voluntários” - que é o caso da Régua e das Associações presentes, de 28 a 30 de Outubro, nesta cidade, beijada pelas margens do seu Rui Douro (ou Dourado) tendo, com sentinela e contraforte a gigantesca Serra do Marão e, como seu Éden, as vinhas verdejantes, cheias de doce néctar!
  5. “Atualmente, também está cometida aos Bombeiros uma missão de “Prevenção”, traduzida em dois tipos: a) apreciação de projetos de construção e reconstrução de edifícios, e b) vistoria, verificando a correta execução do projeto, aprovado por que de direito, só após o parecer favorável dos serviços de Bombeiros competentes, (Esta função é do conhecimentyo geral, mas nunca é demais recordá-la para bem dos munícipes e bombeiros)!
  6. Foram figuras dominantes, entre outras, no Historial dos Bombeiros Portuguerses, o inspetor-geral CARLOS JOSÉ BARREIROS, que, nos meados do séc. XX, foi o organizador do serviços de incêndios na capital; GUILHERME GOMES FERNANDES, inspetor-geral de incêndios do Porto, e GUILHERME COSSUL, fundador da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, a primeira criada no País, etc... Nos últimos tempos de D. FERNANDO, se deve a aquisição da primeira escada “Magirus” hipomóvel e do primeiro material automóvel. (Nº. 4, 5 e 6: Enc. Verbo Séc. XXI, pág. 1276-7, vol. 4).
  7. Para terminar, as sete “virtudes capitais”: 1.ª:  “Vida por Vida” é o lema e tema de todas as Associações de Bombeiros, quer de Sapadores, quer Voluntários. Nesta 1.º, é de esperar que todos os “beneficiários desta missão/risco se compenetrassem/interiorizassem do que é “Dar uma Vida”, pelo próprio falecimento ou incapacidade, vitalícia ou temporária, por outra vida, porventura desconhecida, a qual poderá ficar vítima nos mesmos termos. - 2.ª: o (a) bombeiro (a) pode, na sua missão altruísta/humanitária, deixar uma viúva e órfão(s). 3.ª: a sua doação de vida pode correr o risco de não lhe dar o valor que merece... Mas, o SENHOR DA VIDA E DA MORTE DAR-LHE-Á O GALARDÃO DA VIDA ETERNA QUE MERECE. Disto, tenho – TENHAMOS – a certeza como eu escrever e vós lerdes !
Tenho pena de não poder continuar estas singelas reflexões. Mas o jornal tem as suas normas!... Que ainda na nossa vida, possamos ter e sentir as mesmas ALEGRIAS DESTA FESTA MEMORÁVEL!!!

Colaboração do Dr. José Alfredo Almeida. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2011.